EXPRESSIONISMO SOLAR - A ARTE DE PAULO PT BARRETO

Da gestualidade lúdica, visceral e dançante de Paulo Pt Barreto brota uma riquíssima e singular trama gráfica. Vejo correr por essas linhas uma seiva de drama e sedução, que nos remete a algumas de suas grandes paixões: a ginga do futebol, a cadência da escola de samba, o dinamismo da megalópole. Vibrações que pairam no movimento nervoso da pena, impulsos vitais por trás de seu traço. Tensões gestando clareza e precisão. No cruzamento entre as diversas linguagens – desenho, gravura, pintura e meio digital – definem-se os caminhos para a construção de uma poética de celebração da vida.

Quando o artista mira a cena urbana, a escolha de temas se dá em consonância com a atração que sente pela velocidade: carros, aviões e motocicletas constituem foco preferencial. Em flagrante contraste com o fascínio pela aceleração da máquina, sua trajetória transcorre num ritmo constante e sereno, longe de atalhos, concessões e facilidades. O universo nítido e afirmativo em que mergulhamos na mostra “Os Sertões e Outras Linhas” nasce dessa autenticidade – e da consciência que Paulo tem de si e do contexto artístico contemporâneo. Isso o faz levantar questões de grande atualidade, como aquelas que dizem respeito à relação entre narrativa e linguagem.

Reunindo desenhos sobre Canudos, trabalhos que focalizam a rua paulistana e interpretações de cenas colhidas da internet, o conjunto apresentado no MUBE surpreende pelo contraste, abrangência e complexidade. Deparamo-nos aqui com imagens que ecoam nossas vivências mais díspares. Está tudo lá, em plena ebulição: revolta e humor, prazer e sofrimento, violência e sensualidade, ordem e caos. Tudo fundido. Tudo vivo. Tudo inteiro.


Hélio Schonmann


Texto de apresentação da exposição  “Os Sertões e Outras Linhas” .  Museu Brasileiro de Escultura (MUBE) - Abril/2012

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