Carel Weight: algumas reflexões sobre o artista - texto de Hélio Schonmann

Carel Weight: tensão, movimento, estranhamento. A primeira imagem evoca um pouco a memória do “Grito” de Munch. Soa quase como citação.....mas a criança representada não grita. Estará apenas protegendo-se da ventania? A dúvida paira, enriquecendo a leitura.... Algumas obras desse artista, aliás, me fazem pensar no título de uma peça de teatro que fez sucesso nos anos 70, “Um grito parado no ar” (de Gianfrancesco Guarnieri). Há um enigma parado no ar.... 

Parte das pinturas são dominadas por toda essa tensão. Mas há outras, focadas num cotidiano mais banal, algumas até com toques de lirismo. Sua composição encanta: altamente descritivo, Weight organiza o espaço com um dinamismo muito bem engendrado e por vezes ousado. Uma minúcia quase gráfica enriquece esse universo pictórico. A dança viva dos galhos de suas árvores é um belo exemplo desse grafismo. 

Em um aspecto Weight evoca em mim Stephen Lowry (pintor inglês da primeira metade do sec XX) e o nosso Guignard: são artistas eruditos que visivelmente se encantaram com expressões plásticas ditas “primitivas”. Beberam dessa fonte. E dela extraíram algumas soluções formais muito pertinentes, concentrando conteúdos poéticos em potentes narrativas visuais.