Quando o artista mira a cena urbana, a escolha de temas se dá em consonância com a atração que sente pela velocidade: carros, aviões e motocicletas constituem foco preferencial. Em flagrante contraste com o fascínio pela aceleração da máquina, sua trajetória transcorre num ritmo constante e sereno, longe de atalhos, concessões e facilidades. O universo nítido e afirmativo em que mergulhamos na mostra “Os Sertões e Outras Linhas” nasce dessa autenticidade – e da consciência que Paulo tem de si e do contexto artístico contemporâneo. Isso o faz levantar questões de grande atualidade, como aquelas que dizem respeito à relação entre narrativa e linguagem.
Reunindo desenhos sobre Canudos, trabalhos que focalizam a rua paulistana e interpretações de cenas colhidas da internet, o conjunto apresentado no MUBE surpreende pelo contraste, abrangência e complexidade. Deparamo-nos aqui com imagens que ecoam nossas vivências mais díspares. Está tudo lá, em plena ebulição: revolta e humor, prazer e sofrimento, violência e sensualidade, ordem e caos. Tudo fundido. Tudo vivo. Tudo inteiro.
Texto de apresentação da exposição “Os Sertões e Outras Linhas” . Museu Brasileiro de Escultura (MUBE) - Abril/2012
VEJA ABAIXO TRABALHOS EXPOSTOS