Instalação em processo
A instalação ITINERANTES faz parte do projeto INTINERÂNCIA SP, que iniciei em 2007 – um diálogo entre meios diversos (pintura, instalação, fotografia, xilogravura, lambe-lambe, stencil, construção tridimensional), uns desdobrando-se nos outros e comentando-se mutuamente. As intervenções públicas constituem o eixo definidor desse processo, sendo pensadas sempre em chave interativa – cada imagem concebida para incorporar interferências típicas ao contexto urbano.
Os coletivos Ação Educativa e Água Branca foram convidados a intervir na instalação – ressignificando conteúdos presentes no trabalho – e estarão realizando suas ações ao longo de todo o período expositivo. Penso essa abertura para o coletivo como uma forma de elaborar, no plano artístico, questões essenciais ao momento em que vivemos: se os últimos séculos inflaram ao limite a percepção da individualidade e a subjetividade dela decorrente, a realidade atual vem exigindo, progressivamente, de todos nós, a revisão do conceito de coletivo à luz dos novos e crescentes desafios à própria sobrevivência da espécie humana. Diante desse contexto, a busca pela interação artística coletiva me parece um caminho natural – reação à fragmentação, à deterioração e à violência de caráter autofágico que nossa cultura vem alimentando.
As peças gráficas e pictóricas de ITINERANTES serão instaladas num espaço expositivo repleto de significados – o Espaço Cultural Periferia no Centro, vinculado à Ação Educativa, que há anos vem sediando as comemorações do dia do graffiti em São Paulo. Lugar ideal para um trabalho que nasce de um diálogo com o riquíssimo, multifacetado e paradoxal espaço público paulistano.
